sábado, 27 de fevereiro de 2010

HISTÓRIA DA CIDADE DE PENEDO

Foto: Canal Penedo

A capital barroca do São Francisco

Em excelente posição estratégica, majestosamente situada à margem esquerda do Rio São Francisco, 44 quilômetros da sua foz, primitivamente edificada numa pequena colina cuja rocha lhe empresta o nome, a cidade, que é o maior centro de arte barroca e neoclássica do Estado de Alagoas, já foi povoado, Vila de São Francisco, Vila do Penedo do Rio São Francisco, e, finalmente, Penedo, denominação oficializada em 1842. Penedo é sinônimo de pedra, de rocha, portanto, seu topônimo é em razão do grande penedo sobre o qual se assenta.

Origem - A origem de Penedo é repleta de incertezas, a exemplo de cidades lendárias como Roma ou Atenas. Os melhores nomes da historiografia alagoana trazem informações contraditórias sobre a data de sua fundação. Tomás Espíndola, Moreno Brandão, Diégues Júnior, Craveiro Costa e José Próspero Caroatá, cada qual se insere numa corrente e tem a sua versão. Abelardo Duarte defende que o fato se deu nos idos de 1535. Já Werther Vilela Brandão afirma não haver nenhuma documentação comprovando o aparecimento do burgo no século XVI. A bandeira dos irmãos Albuquerque teria sido apenas um trabalho de contato com a terra e de confronto com os nativos. Controvérsias à parte, o certo é que o povoado já estava criado quando o sesmeiro Cristóvão da Rocha, que recebeu as terras da Coroa, em 1613, ergueu a igreja em homenagem a Santo Antônio, um ano depois.

HISTÓRIA - Sua história é um livro dourado marcado por acontecimentos importantes. O domínio holandês atingiu a cidade de 1637 a 1645. Maurício de Nassau, que se demorou algum tempo ali, mandou construir um forte que denominou Forte Maurício. Esta fortificação serviu para derrotar as tropas do Conde Bagnuolo, que, batido, fugiu para Sergipe. Mas são muitos os acontecimentos históricos da cidade.

Falar ou escrever sobre Penedo é cair no tópico. Desde que Duarte Coelho Pereira, para consolidar seu domínio sobre a capitania que dirigia, navegando rio acima até seu ponto mais austral, chegou, em 10 de outubro de 1555, ao lugar onde seria o núcleo inicial da cidade. Uma bela história de aventura humana na região teve início, mesclando índios, portugueses, holandeses, negros e mestiços, muitos atores em um só cenário.

Agrupamento indígena, feitoria para armazenar pau-brasil e outros produtos da terra, Forte Maurício, Vila do São Francisco, Vila do Penedo, porto aberto à navegação, centro dinâmico do Rio São Francisco, sede do governo imperial quando recebeu Sua Majestade D. Pedro II, Conselho de Intendência, diocese e município republicano são algumas das etapas percorridas pela barroca urbe nordestina, legítima capital de todo o exótico e belo universo sanfranciscano.

Quando se caminha hoje pelas ruas de Penedo, pode-se sentir entrar nos ouvidos o som de muitos séculos, de muitas fases de sua história, de povos e gerações diversas. De gente anônima e também de figuras ilustres que a ajudaram a transpor etapas, tornando seus nomes referências na vida da cidade. Cada página de sua história é um nome a lembrar, são momentos gravados que se tornaram perenes desde a entrada de Duarte Coelho no rio e a escolha do sítio inicial na penedia de visão estratégica. Muitos outros passaram e ficaram.

A memória penedense é um amálgama de histórias de onde se pode obter o corte vertical da vida alagoana de todos os tempos. Desde a sua pré-história, dos primitivos habitantes, das nações e tribos que hoje são nomes distantes, quase desconhecidos: abacatiaras, caetés, aconans. Das origens místicas do Opara às lendas fantásticas e absurdas que despertaram a cobiça dos navegadores europeus, sempre sonhando com a visão de nativos ricamente adornados com jóias, carregando cestas cheias de ouro e prata. Das feitorias disputadas pelos países poderosos da época. Dos corsários franceses que se alojaram nas franjas do rio e no seu nicho de pedra para fazer o comércio do pau-brasil com os índios.

Penedo ganhou atestado de batismo dos irmãos Coelho de Albuquerque, da Nova Lusitânia, que vislumbraram desde logo a importância estratégica de seu sítio para a penetração e vigilância da região. Penedo da controvérsia sobre a data de sua fundação e da ligação forte com o rio carinhosamente chamado de “Velho Chico”, a grande porta de entrada para o interior, para o sertão.

Penedo de ampla influência religiosa, do curato de Santo Antônio e do primeiro orago, da matriz de Nossa Senhora dos Remédios, das ordens e confrarias, da florescente vila agraciada com o título de “muito nobre e leal”. Vila que conheceu a invasão dos flamengos e seduziu o Príncipe de Orange, que fundou um forte com o seu nome. Teatro de combates e lutas que redundaram na expulsão dos holandeses, onde avultou o heroísmo de Valentim Rocio no Campo Alegre.

Penedo conheceu a rebeldia indômita dos quilombos: participou do período de afirmação política da capitania, das lutas da independência, das crises política e militar da Revolução de 1817, que resultou na emancipação de Alagoas de Pernambuco, dos enfrentamentos no episódio da transferência da capital para Maceió, dos movimentos republicano e abolicionista, das grandes transformações materiais do século XIX que tiveram no advento da navegação a vapor um dos pontos mais destacados.

Impulsionada pelo porto e pelos currais do rio, mais ligada ao sertão e ao ciclo do gado, participou também do ciclo do açúcar com seus engenhos, casas-grandes e senzalas aparecendo em sua zona rural. A importância do núcleo habitado por comerciantes e artesãos cresceu gradativamente. No período do Império e começo da República, era considerada uma autêntica capital e a única rival de respeito do porto marítimo de Maceió, que substituiria a antiga cidade das Alagoas como sede dos poderes político e administrativo da antiga província, pois, com um próspero parque comercial e industrial, detinha, em seu território, fábricas diversas e seu movimentado porto fluvial era um verdadeiro pólo de atração das cidades sanfranciscanas, com ligações estreitas com Sergipe e Bahia.

Desde as eras colonial e imperial, o burgo se destacava como um celeiro de lideranças. Essa vocação continuou ainda no início do período republicano, quando diversos penedenses se colocaram à frente da administração estadual, ultrapassando até quadros tradicionais da poderosa área canavieira. Dos cinco primeiros governadores do Estado de Alagoas, três estavam diretamente ligados à cidade.

O que não foi conseguido com a emancipação em 1817, a transferência da capital provincial, a abolição, a mudança do regime político em 1889 e o advento do transporte ferroviário, foi conseguido com uma inovação. O período de esplendor da cidade terminou com um novo quadro conjuntural em meados do século XX: o aparecimento das rodovias com a conseqüente marginalização dos transportes fluvial e marítimo e o surgimento das cidades novas nos entroncamentos rodoviários e da ponte de Porto Real do Colégio. Penedo sofreu, então, um processo de esvaziamento econômico que só há algumas décadas começou a se reverter.

A implantação das unidades de agroindústria do açúcar revivendo os tempos do engenho bangüê, o desenvolvimento da sua instituição de ensino superior trazendo alunos de outros municípios e estados vizinhos e a redescoberta dos seus tesouros em uma cidade rica em patrimônio histórico e cultural, trouxeram a esperança de um novo tempo para a mais bela urbe alagoana. Restauram-se igrejas e prédios históricos; mecenas constroem museus, espaços culturais e casa de memória; conserva-se sua vocação musical; florescem as artes. Orgulhosa de seu passado, a cidade teve o seu tombamento aprovado e foi considerada, por decreto federal, patrimônio histórico nacional.

Foi elevada à categoria de cidade pela Lei Provincial n° 3, em 18 de abril de 1842.

Texto confederação Nacional dos Municipios

Cidade de 67.000 habitantes localizada no extremo sul de Alagoas, a 157 km de Maceió e às margens do Rio São Francisco. Penedo é uma das mais bonitas e antigas cidades históricas brasileiras e impressiona seus visitantes pelo seu rico patrimônio histórico-cultural. Suas igrejas, conventos e palacetes do século XVII e XVIII proporcionam uma verdadeira viagem ao passado do Brasil Colonial.

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